Existem aqueles dias que uma pessoa nunca esquece. Quem nunca vivenciou
um momento de grande felicidade?... E foi no dia sete de setembro de 1989,
dia da comemoração da Independência do Brasil, alguns dias após ter assistido ao
documentário especial sobre o Daniel produzido pela jornalista Mônica
Teixeira. Longe de ter a virtude de associar datas precisas a acontecimentos
que vivenciei, esta é a data da dedicatória em seu livro que ganhei do Daniel
no dia em que o conheci. "Independência e vida !", assim escreveu entre aquelas
letras de prazer em conhecer... e assim senti uma impressão indelével em
minha memória, que me acompanhará até sempre, até o dia em que o amor
e a fraternidade forem alimentos de meus propósitos.
Coincidentemente ao Dia da Pátria, Daniel representa para mim a
personificação da comunhão pátria, a utopia da união entre os cidadãos de
uma sociedade, da dignidade, da justiça, do amor...aquele sentimento
incondicional de querer que sentimos por nosso filho, por nosso irmão de
sangue que, uma vez vivenciado com profunda intensidade, expande-se e
excede quaisquer vínculos familiares, congluindo em amar a todos.
Solidariedade.
Sim, eu o amo. Por tudo por que ele lutou, amo o dom, a verve, a
coragem, a destreza e a lucidez de sua manipulação no trato da
representação política embasadas na justiça, na liberdade e no amor. Ele me
representou no mundo. A qualidade emocional de desejar uma sociedade
humanizada, livre e justa transformou-se em razão, concatenamento lógico.
Política.
Refleti, dentro de meu restrito universo intelectual, serem os grandes
mestres sábios políticos, além de homens iluminados e fraternos.
Daniel era certamente um ser iluminado pelos projetos e pelos seus
anseios humanistas, pelo seu caráter e por sua alegria. Na única
oportunidade que tive de acompanhá-lo a uma palestra, vi cidadãos
emocionando-se ao ouvirem suas explanações. Nesta ocasião, expôs seu
pensamento solidário embasado na desmistificação da carga dos estigmas
que envolvem a aids e que matam mais que o próprio vírus. Talvez estes
cidadãos sentiam naquelas palavras um universo de idéias muito afins, seus
anseios, uma interpretação concreta do amor, que motivou muitos presentes
a chorar e outros a escreverem bilhetes de agradecimento... mas gosto de
alimentar a idéia de que aquele amigo singular a quem tanto amei era um espírito muito
especial e poderoso. Na realidade, assim ele o é para mim, e talvez o conjunto
de sua obra possa impressionar a você também na medida em que ela
puder traduzir e estimular uma pulsão fraternal, humanitária e libertadora
embuída em seu ser, levando-o à ação!!!
Termino com um bordão utilizado por Daniel em seus textos
no período do grupo pela VIDDA: Viva a vida!
Ricardo Orsi
Trecho da música "Vento no litoral" (Russo/Bonfá/Villa-Lobos)
- Legião Urbana